Eaii Gente, recebi um convite para fazer parte dessa equipe maravilhosa do Ma Vie musicale e aqui estou eu!
FELIZ 2021 A TODOS!
Pretendo trazer recomendações no cenário da música nacional de gêneros variados com o intuito de despertar em vocês o sentimento de orgulho por ser brasileiro e por ter uma cultura tão rica, como primeiro grande nome da música brasileira tive que trazer o imperador carnavalesco que inovou a musica nordestina misturando guitarra elétrica, fado português e muito xote!
Alceu de Paiva Valença (Nascido em São Bento de Uma em Pernambuco, 1946) é cantor, compositor, cineasta e advogado brasileiro que cresceu com forte influência musical familiar. Apenas se introduziu no meio artístico na década de 70 após se formar em Direito (acordo feito com seu pai) e trabalhar como correspondente em um jornal de renome.
De forma inovadora mudou o cenário da musica nordestina e fez com que o publico também se interessasse por outros artistas da região nordeste como Belchior (1946-2017), Fagner e Zé ramalho. Seu primeiro trabalho foi com o também pernambucano Geraldo Azevedo, dessa parceria nasceu o disco Quadrafônico (com nome oficial: Alceu Valença e Geraldo Azevedo) com colaboração de ambos e algumas parcerias, esse primeiro álbum já revela o que estaria por vir: guitarra elétrica e ritmos variados da terra do Sol.
No ano de 1971 se mudou para o Rio com sua dupla e fez parcerias com Jackson do Pandeiro para festivais da época que eram realizados por emissoras nacionais de renome. A musica Caravana se torna trilha sonora de novela (Gabriela, Rede Globo) em 1975 mesmo a parceria já desfeita.Em 1974 lançou seu disco solo Molhado de Suor que conquistou o publico, o álbum trazia uma musica polemica que já mostrava a que Alceu Valença tinha vindo ao mundo. A musica Cabelos Longos traz a historia de um infiltrado na corporação policial em plena ditadura.
Na década de 70 ainda lança mais três álbuns que trazem guitarra, psicodelia e o charme musical nordestino que atrai diversos jovens com relances de rock internacional. Em 1974 A noite do espantalho que faz a trilha sonora do Curta e ópera de Sergio Ricardo que conta com Alceu (interpretando o espantalho) e seu ex parceiro Geraldo Azevedo em uma história intrigante que envolve colonialismo e coronéis.
Álbum completo :
Parte 1 do curta:
Em 1976 Vivo! É o primeiro álbum ao vivo do cantor e traz nos instrumentos de corda o renomado artista também nordestino Zé Ramalho, traz musicas apresentadas em festivais da época que fazia parte de uma dupla e destaca a musica O casamento da Raposa com o Rouxinol.
Em 1976 Vivo! É o primeiro álbum ao vivo do cantor e traz nos instrumentos de corda o renomado artista também nordestino Zé Ramalho, traz musicas apresentadas em festivais da época que fazia parte de uma dupla e destaca a musica O casamento da Raposa com o Rouxinol.
Em 1977 lançou “Espelho Cristalino”. Pela Som livre (onde apenas retornaria em 1997), conta com participações de Zé Ramalho mas com destaque para a faixa titulo que traz inspiração de folclore alagoano, mais tarde o trechos da canção espelho cristalino apareceriam em musicas de Zé Ramalho e do próprio Alceu Valença.
Fecha a Década de 70 com o disco Saudade de Pernambuco que trás sua versão do figurino dos famosos bandoleiros que assolaram o sertão e faziam da vida uma verdadeira aventura conflitante contra a policia e fazendeiros da época: o Cangaço de Lampião (chefe mais famoso do bando). A faixa titulo traduz suas opiniões e pensamentos da vida.
No início da década de 80 reforça sua pegada artística com o disco “Cinco Sentidos” que particularmente é o meu preferido já que trás seu duplo sentido e sua cultura de criticas acidas em forma de arte.
Mesmo com grande bagagem e um talento peculiar, Alceu era apenas conhecido no meio artístico ainda não caindo no conhecimento popular a nível nacional. Esse reconhecimento e sucesso popular chega em 1982 com o disco Cavalo de Pau, que se popularizou com “Tropicana” e “Como Dois Animais”.
No restante da década lança mais seis álbuns: Anjo avesso (1983), Mágico(1984), Estação da luz (1985), Rubi (1986), ao vivo (1986)e “Oropa, França e Bahia (1989) com alguns sucessos:
Começa a trabalhar de forma independente em 1992, a partir daí começa a estar cada vez mais em destaque na memória musical popular. Lança três álbuns antes de seu sucesso de 96:
Em 1996,“Coração Bobo” que trás seu maior sucesso de mesmo nome :
Participa também de “O Grande Encontro”, que percorreu o país e resultou no disco com o mesmo nome com amigos do meio artístico e sua ex-dupla (Geraldo Azevedo) ainda em 1996. Fecha a década de 90 com mais dois álbuns: “Forró de todos os tempos” (com novas versões para já conhecidos trabalhos de renomados cantores nordestinos como Luiz Gonzaga) e “Leque Moleque".
Inicia o milênio com “Sol e Chuva” lança alguns álbuns com releituras e inovações de forma a trazer para sua carreira um desvio da musica nordestina e ao mesmo tempo abandono da psicodelia mas ainda sim mantendo a guitarra elétrica e relances do rock internacional.
Em 2002 ganha o premio Tim Maia da Musica Brasileira na categoria “Melhor Cantor Regional” e lança mais alguns álbuns misturando também reggae e manguebeat e mantendo seu talento em comparar os charmes da mulher brasileira com frutas nacionais.
Após quarenta anos de carreira solo lança mais dois discos solo: “Amigo da Arte”, com releitura de composições passadas e recebe a indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras. Ainda em 2014 “Valencianas”, no qual os sucessos como “Coração Bobo”, “Anunciação” e “La Belle de Jour” foram recriados em versões orquestrais com a orquestra Ouro Preto.
Em 2015 ganhou o Prêmio de “Melhor Cantor Regional”, no 26º Prêmio da Música Brasileira. Já em 2016 após 15 anos trabalhando em um projeto secreto, lança sua estreia como cineasta vem com a direção e roteiro de “Luneta do Tempo” que possui trilha sonora de mesmo nome e diálogos no ritmo do popular cordel. O curta rendeu mais prêmios para sua biografia no Festival de Cinema de Gramado. A maioria de seus sucessos e tornaram atemporais graças a internet e a sua regravações de álbuns passados, além da visibilidade por meio de novelas da emissora Globo. Seus três maiores sucessos são: Morena tropicana, La Belle de Jour e Anunciação, mas ainda hoje é lembrado por diversas outras composições e parcerias que reinavam nas casas da população brasileira. Se apresentou com artistas de renome como Moraes Moreira (Novos Baianos) que infelizmente faleceu e nunca se desviou de sua essência artística que está atrelado a guitarra elétrica e ao xote nordestino e outros estilos também da nossa rica cultura da terra do Sol (como frevo, maracatu e manguebeat).
Concluo dizendo que apesar de anos de carreira e de inúmeros reconhecimentos não se esqueceu em nenhum momento que possui responsabilidades como um figura publica (nota-se ao observar suas ações durante esse turbulento período pandêmico), sua forma metafórica e de duplo sentido fez de sua rebeldia sem causa uma forma de chegar a toda e qualquer criatura seja ela inocente ou cheia de malicias. Me permito finalizar dizendo ao meu querido leitor que se o fado português fosse uma pessoa, Alceu seria seu cupido e faria o perfeito casamento desse estilo musical tão rico com o mais perfeito dos gêneros: o xote
Que resulta no meu favorito de todos os seus trabalhos: Arreio de Prata :
Lampião que outrora foi artista em seus momentos de descanso estaria orgulhoso dos cabras que o agreste apresentou para todo o Brasil e para o mundo.
Se cuidem e tenha uma ótima semana!
Marcy
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