Oi pessoal, como vocês estão? Espero que estejam bem! O clima natalino já está às portas e isso me deixa muito animada: calor, panetone e Mariah Carey, esse é o trio responsável pelo paraíso de fim de ano. Mas vamos ao que interessa, a recomendação da semana (que está atrasada, e peço perdão por isso!). Mais uma vez, o espírito do Metal cantou aos meus ouvidos, assim como as Musas cantaram a Homero. O que ele me contou? Eu vos direi:
“Canta, ó mulher, as benfeitorias daquele que ilumina os caminhos
com poderosa voz e canto ardente,
do homem que correu céu e mar por seus ideais
com a força de um Pégaso e o fogo de uma Fênix!”
Sim amigos, é do homem que estou falando! Edu Falaschi, que deu voz a um dos grupos mais amados do Brasil: Almah! Farei um breve introdução sobre o coração da banda antes de começar, pois ele merece toda notoriedade possível.

Eduardo Teixeira da Fonseca Vasconcellos, conhecido como Edu Falaschi, nasceu em 18 de maio de 1972, em São Paulo. Além de ser portador de uma beleza divinal, ele também é cantor, compositor, produtor musical e toca violão, baixo, guitarra e piano. Ele foi integrante dos grupos/bandas: Mitrium (que foi seu primeiro grupo), Symbols, Venus, Angra e Almah (no momento, em hiato). Edu já vendeu 1 milhão de álbuns, tem 15 discos gravados, participou de várias turnês mundiais (inclusive participou do Rock In Rio em 2011 e 2013). Ele é responsável pela composição de um dos hits mais famosos do metal brasileiro e do Angra: “Nova Era”. Como nem tudo são flores, Falaschi passou por um tempo “tenebroso”: problemas vocais que o levaram a tirar férias tanto no Angra quanto no Almah. Por ser um barítono, eu acredito que ele se saiu muito bem cantando os agudos que as canções do Angra precisavam… Uma hora ou outra, infelizmente, ele teria que dar uma pausa, que não foi de todo ruim: depois disso, ele ressurgiu como uma fênix. Essa “falha” técnica causou (e ainda causa) bastante tretas entre os fãs, e infelizmente acabamos vendo coisas como “prefiro cantor x ou y”, “o edu deveria parar de cantar” e outras maluquices. Alguns impasses com o Rafael Bittencourt também são coisas recorrentes, e os motivos sobrevoam questões sobre autoria/direitos de canções e de outros artistas sobre as músicas do Angra. Mas não irei me aprofundar nisso, quem sabe num próximo post, numa próxima ocasião. Edu Falaschi também é bem conhecido entre o meio geek: ele é responsável pela gravação de três músicas (Pegasus Fantasy, Never e Blue Forever) de um dos maiores animes clássicos: Cavaleiros do Zodíaco! Ele foi convidado pela Alamo em 2002 para gravar as canções. Comumente, ele marca presença em eventos de anime. Para fechar a caixa de mil e uma utilidades do nosso querido músico, ele também ministra workshops sobre técnicas vocais, fazendo palestras pelo país.


Falemos de Almah agora.
A banda foi criada por Edu em 2006, como projeto solo. Era um projeto paralelo ao Angra, e o primeiro álbum foi produzido entre os álbuns “Aurora Consurgens” e “Aqua”, um período difícil que resultou na dissolução do Angra. O primeiro álbum homônimo (com o mesmo nome da banda) mostrou duas coisas: a qualidade do Edu como artista, já que ele produziu o álbum, foi vocal, gravou todos os violões e teclados, arranjos de vozes, guitarra, baixo, teclado, bateria e orquestra, e que um álbum não precisa ser o mais inovador para ser bom. Ele foi gravado no Brasil, Finlândia e Estados Unidos, e teve participação de grandes nomes como Emppu Vuorinen (guitarrista do Nightwish), Lauri Porra (baixista do Stratovarius), Casey Grillo (baterista do Kamelot), Mike Stone (guitarrista do Queensryche), Edu Ardanuy (guitarrista do Dr. Sin) e Sizão Machado (ex-baterista do Tom Jobim e Chico Buarque). O álbum foi bem recebido pelos fãs e pela mídia, e chegou a ficar entre o Top 10 nas paradas de heavy metal na Europa. Os shows da banda aconteceram depois do início de setembro de 2006, e foram 7 shows e 2 pockets shows. Em 2007, o álbum recebeu o selo da AFM Records, com a turnê sendo feita após o fim da turnê do Angra. Como todo projeto solo, entre essas apresentações aconteceram várias trocas de integrantes.
A primeira faixa do álbum, “King” o vocal de Edu se destaca, cantando com um vocal rasgado, que é uma pegada diferente daquilo que se vê no vocal dele no Angra.
“You're the one
You're the mith
You are the ocean
You shape shift
And for the thirst
For the pain”
A balada (que é uma das mais bonitas na cena do metal) “Forgotten Land”, conta com a performance incrível de Edu (que sempre agracia as músicas com um refrão memorável) e os solos divinais de Ardunay. Uma das minhas canções favoritas desse álbum.
“Someplace where there's no time to lose
Some world where lies are more than truth
An empty space inside our heart
Someplace where hope is obscure”
Enquanto o Angra estava parado por problemas judiciais em 2008, Edu se dedicou integralmente ao Almah, que deixou de ser um projeto solo para se firmar como banda. Junto ao baixista Felipe Andreoli na produção, nasce o álbum “Fragile Equality”, que teve participação do guitarrista Paulo Schroeber e o baterista Marcelo Moreira, ambos de Caxias do Sul. O primeiro clipe da banda foi produzido no mês de dezembro, em Brasília. A faixa escolhida foi “Beyond Tomorrow”, uma das melhores músicas da banda que conta com passagens épicas e uma pegada prog. Me arrisco a dizer que a letra soa como um ciclo de conhecimento da vida: derivar, aprender, distorcer, encontrar respostas, derivar mais uma vez e finalmente chegar ao saber. Os solos de Schroeber são sensacionais e nos fazem falta. Descanse em paz!
“How should i know all the secrets?
All the lies that try to fool me
How can I uncover all the truth?”
“You’ll Understand” é uma das faixas mais memoráveis desse álbum. Já na abertura, ela mescla barulho de trovões com uma melodia um tanto infantil de piano. Com a pegada de prog, ela mostra todo o talento de Andreoli. Os tons mais graves e agressivos de Edu são bem marcados no decorrer do álbum. Foram 21 meses de turnê da banda, que se finalizou em 2010, com a volta de Falaschi e Andreoli para o Angra.
“You wanna master the world
You wanna master your hate
You hate is mastering you
Burning Fire!”
“Motion”, foi lançado em 2011. É o disco mais diversificado e ousado (porque não?) da carreira de Edu, sendo mais agressivo, caminhando entre o thrash metal e metal progessivo, sem perder as características melódicas. Marcelo e Schroeber (que deixou a banda em outubro por problemas de saúde) fizeram um trabalho esplêndido como sempre. A turnê teve apenas 16 shows, que terminou no Rock In Rio de 2013, com o Almah tocando 7 músicas, sendo 5 covers. A banda teve um pequeno hiato por conta de problemas de saúde do Edu, a saída de Andreoli (que decidiu se dedicar ao Angra) e em seu lugar no baixo entrou Raphael Dafras, que se juntou a banda em 2012.
A faixa “Hipnotized”, que abre com um grande “RIOOOOOT” (galopeira versão metal) tem riffs agressivos que chegam perto do thrash metal, e belas linhas de voz.
“Get up and win at life - You're Hypnotized
- You're Paralyzed
(Your nightmare) - You're held in time
(I'm screaming) - Don't go astray
(Your new voice) - You're just a slave”
“Zombies Dictador” nos presenteia com vogais ultra rasgados já no início, é uma das mais pesadas desse álbum. A instrumentação não fica para trás. Essa versatilidade talvez seja o que faz de Edu Falaschi um dos melhores músicos do Brasil e do mundo.
“There's a reason to restrict
Bounds and freedom: you get strong!
Mask your faith behind guns
Zombies dictator
There's a reason to resist
The imposition of terror!
All the people born free
Zombies dictator”
O próximo álbum da lista é “Unfold”, que foi lançado em setembro de 2013. Sem um guitarrista fixo, Marcelo Moreira marca o fim de sua participação na banda em 2015, sendo substituído por Pedro Tinello. Não é importante falar isso, mas é curioso a “síndrome de viúva” que muitos fãs do Almah tem (e de outras bandas também, vide Sepultura. Aliás, eu mesma não posso falar mal dos viúvos, já que infelizmente sou um deles às vezes. Enfim, a hipocrisia.) lamentando a saída de alguns integrantes e comparando os atuais com antigos. É aquela velha história: “na minha época, o Almah…”.
Minha faixa favorita desse álbum é “Treasure of the Gods”, que conta com 9:28 de duração e mostra o belo entrosamento dos integrantes. Entre os minutos 5:25 e 6:28, a junção dos teclados + solo lento de guitarra é uma das combinações que leva o ouvinte aos Campos Elísios! O prog é a linha central da faixa, mas há uma nuance de influências. A arte da capa também é algo sensacional, uma das minhas favoritas.
Em 2015, a banda se apresentou pela primeira vez nos Estados Unidos, participando do festival ProgPower USA.
“Spread your wings and take flight over the hills
Greet the gleam of sun's fire
Gloriuos anew!
Your renewal may start inside yourself
Get the new light and shine
Beaultiful realm
From now on”
O último álbum lançado pelo Almah foi “E.V.O”, que foi super bem recebido pela crítica, além de possuir uma capa maravilhosa, tão linda que chega tirar o fôlego. Todas as músicas são de autoria do Edu, e a produção também. As gravações foram feitas por Tito Falaschi, o irmão do vocalista. É um álbum singular, que traz a temática da Era de Aquário, que seria uma era de evolução da consciência da humanidade (falando de maneira simplíssima). As letras variam, passeando pela mitologia grega e romana, astrologia, esoterismo, história antiga e outras temáticas.
A faixa de abertura, “Age of Aquarius”, mostra a linha assumida, se distanciando da pegada pesada dos últimos trabalhos da banda. Belos refrões e o vocal de Falaschi subindo no tom, são as duas coisas que chamam bastante atenção aqui (e acabam nos lembrando da performance do vocalista na época do Angra).
“Walking through the night
I see you away
Lady of the waters I'm here
A woman in the stars
Praise a new age
Drawing sings on the moon
And for two thousand years
A new time awaits
Glory, Harmony and Truth
On pisces only cries
In Crete Zeus acclaimed
The dawning of the Age of Aquarius!”
“The Brotherhood” é uma bela balada, que tem Edu junto aos teclados. Uma interpretação perfeita, eu diria. Os vocais altos são uma forma de mostrar a volta por cima, depois dos problemas com a voz.
“An unknown belief
Fills our dreams if what I say
To be sings from Another world, another land
There was always only one
Only one way to carry on
When life stole our loved ones
That's the trail
Where we found our creed
Brotherhood
Oh!”
Em 2017 acontece o último show da banda, no conhecido Manifesto Bar em SP. A banda (infelizmente) entra em hiato e Edu passa a se dedicar ao projeto Rebirth of Shadows/Temple of Shadows.
A história de Edu é uma das mais legais de se ver. E é muito bom saber que um grande artista desse é brasileiro, portanto, apoiem o metal (ou qualquer outro estilo) brasileiro! Sua trajetória e evolução são admiráveis. Mesmo após problemas de saúde e na própria voz, ele conseguiu se sair muito bem. Talvez essa seja uma grande lição para os fãs (para todo mundo, na verdade): as vezes precisamos parar e respirar, para que as coisas continuem a caminhar. Nem toda queda marca nosso fim, podemos ressurgir como uma fênix, esplêndida e cheia de poder.
Espero que vocês tenham gostado da recomendação de hoje! Até a próxima e se cuidem!
Jennifer.

Esse é Paulo Schroeber, o ex guitarrista da banda. Achei importante deixar a foto dele aqui, como memória e agradecimento pelo incrível trabalhos no Almah.
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